Inicio hoje uma rubrica no blogue para as "histórias" que ao longo dos anos li e vi. Haverá de tudo. Factos, conversas, ideias, problemas, estudos, partidas comentadas, lances geniais e absurdos. O único fio condutor destas histórias é que terão sempre um aspecto curioso, insólito ou inesperado. Aceitam-se sugestões.
Pareceu-me bem começar por falar em Alexander Alekhine. De todos os campeões do Mundo, Alekhine foi o mais interessante, pela sua personalidade e forma de encarar o xadrez. Para Alekhine, o xadrez era uma obsessão tão grande que não conseguiu separar-se do título até à morte. Foi o único campeão a morrer em título. Eu vou focar algumas aspectos curiosos da sua carreira, mas a história de hoje lida com uma faceta muito curiosa.Alekhine era tão vaidoso que tinha o hábito de exagerar ou mesmo inventar feitos grandiosos, como muitas partidas que circulam nos manuais de combinações, e que aconteceram apenas na sua imaginação. Por isso mesmo esta história, retirada da sua biografia (escrita por Kotov, outro génio do tabuleiro), é provavelmente falsa, mas vale a pena contar.
Alekhine conduzia uma simultânea às cegas (!) contra 32 (!!) generais alemães durante a Segunda Guerra Mundial. (Vale a pena abrir este parêntesis para referir que, entre outras coisas, suspeita-se que Alekhine era um simpatizante do regime nazi). Restam apenas 4 jogos, e Alekhine, conduzindo as peças brancas, pede o lance de um general nesta posição.
O general anuncia o seu abandono, porque as pretas aparentemente não podem evitar o mate em h8. Alekhine (que, não se esqueçam, não está a ver o tabuleiro), pede para jogar com as peças pretas. O general acede ao pedido, e o jogo prossegue com 1... Th4! 2. Cxh4 Dc3, e Alekhine afasta-se para os outros tabuleiros.
Ao retornar, Alekhine recebe outra vez como resposta o abandono, já que depois de 3. Rc1 Da1+ 4. Rd2 Dxh1 as pretas ganham. Alekhine volta a pedir ao general para trocar as cores. O general atónito, aceita, e Alekhine joga 3. Dh8+!! Rxh8 4. Cg6+ Rg8 5. Th8#, ganhando o mesmo jogo pela 3ª vez, às cegas e a jogar contra mais 31 adversários!!!
(adaptado de Blunders & Brilliances; Mullen I., Moss, M.; Cadogan Chess, 1990).
Alekhine conduzia uma simultânea às cegas (!) contra 32 (!!) generais alemães durante a Segunda Guerra Mundial. (Vale a pena abrir este parêntesis para referir que, entre outras coisas, suspeita-se que Alekhine era um simpatizante do regime nazi). Restam apenas 4 jogos, e Alekhine, conduzindo as peças brancas, pede o lance de um general nesta posição.
(adaptado de Blunders & Brilliances; Mullen I., Moss, M.; Cadogan Chess, 1990).
2 comentários:
Óptima coluna para um blog. A minha sugestão era colocarem umas históriazitas do António Fernandes :P Agora falando a sério gostava de que falassem por exemplo da do iogurte, do match das casas de banho, dos oculos do tal contra benko ou algumas do Kasparov sobre a sua evolução.
NXVSC!
Luís Silva
Luís,
estives-te bem, mas penso que tambem já terá algumas histórias interessantes e dignas de serem contadas.
Parbéns ao Alexandre pela iniciativa, aguardo já pela próxima "história de xadrez", gostava que esta crónica fosse no minimo semanal.
Luís boa sorte para o mundial, e traz-nos (alem de um bom resultado claro), a tua crónica sobre tudo quanto lá se passar. Com mais de 1400 atletas em competição, por certo muito haverá para dizer.
Cumprimentos
Joaquim Machado
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