2ª Ronda - NX Santo Tirso 0 x 4 GDR Os Amigos de Urgezes
Mais uma jornada vitoriosa. Desta vez fomos defrontar os nossos amigos de Santo Tirso, já conhecidos de outros torneios que frequentámos, mas que encontramos pela primeira vez enquanto equipa.
Acabou por ser uma vitória tranquila, em jogos que não conheceram grandes sobressaltos. Como diria Jesus (não aquele que caminhava sobre as águas, mas o que pinta os cabelos), CARREGA URGEZES!!!
Não seria justo, no entanto, deixar passar em claro a excelente recepção que tivemos em Santo Tirso, carregada de simpatia e atenção aos detalhes, incluindo os tabuleiros magníficos nos quais jogámos. Aquelas peças até ensinam a jogar! Prometemos retribuir quando o NX Santo Tirso nos vier visitar.
O primeiro jogo a terminar foi o do Carlos Machado, que derrotou com grande classe o Fernando Azevedo. A posição chave foi
As pretas acabaram de jogar 11...Be7 e as brancas responderam com 12. Bxf7+! Quer tomem ou não, as pretas estão muito mal e desistiram ao fim de 18 lances.
Não muito tempo depois o nosso estrangeiro (de Lisboa) terminou a sua partida. É impressionante a segurança com que jogou o Paulo Pinho. Fez simplesmente lances naturais (e bons) e foi melhorando a sua posição aos poucos até deixar sem alternativa o adversário. Até parece fácil! O meu lance favorito foi este
As pretas jogam 12...0-0! Não é que seja um lance particularmente difícil, mas a avaliação da posição não é nada trivial. Perceber que o peão em d5 não é fraco e que as pretas terão uma vantagem de espaço no centro que compensa esta ligeira debilidade é o sinal de um jogador que domina o xadrez. Eu teria procurado alternativas antes desta posição. O Paulo compreendeu que as pretas teriam um bom jogo, e assim, ganhou naturalmente.
No tabuleiro 3, o Vítor controlou perfeitamente. Nesta posição
as brancas jogaram 8. d4, e acabam por perder um peão ao fim de poucos lances. O Vítor foi recolhendo peões e ganhou sem muitas dificuldades.
Fiz a minha estreia e fui o último a terminar o jogo. Ou melhor, foi o meu adversário o último a terminar, porque utilizou quase todo o tempo disponível. O jogo foi um bocado estranho, e a certa altura eu tinha 3 peças a mais: uma sacrificada sem querer, e outras duas pelo Ricardo Amaral para atingir esta posição, em que as pretas apostam tudo num ataque ao rei
E foi aqui que eu tive o meu momento de inspiração. Pensei um bocadinho, calculei 26. Be6 g3 (qualquer outro lance e o bispo vai para f5 na mesma) 27. Bf5 g2+ 28. Dxg2! Txg2 29. Bxh7 Txh2+ 30. Rxh2 Rxh7 e tinha esta posição na cabeça
Já estava a pensar nas minhas palavras a mostrar o jogo aos meus colegas, a receber os cumprimentos e as palmadinhas nas costas, a ouvi-los a dizer "bem jogado, Alex", a assinar autógrafos... estas pequenas questões que são habituais nos meus jogos. Infelizmente o Ricardo Amaral não teve este senso de solenidade, e assim que eu larguei o bispo em e6, torceu o nariz e jogou 26...Txe6, o que, vendo bem as coisas, é muito menos bonito, mas é mais eficiente. Caramba, há adversários que são mesmo desmancha-prazeres. Felizmente eu desta vez estanquei o caudal de asneiras que às vezes abro e o jogo acabou não muito depois.
Tabuleiro | NX Santo Tirso | 0 - 4 | GDR Os Amigos de Urgeses |
1 | Carlos Ribeiro | 0 - 1 | Paulo Pinho |
2 | Fernando Azevedo | 0 - 1 | Carlos Machado |
3 | José António Pacheco | 0 - 1 | Vítor Costa |
4 | Ricardo Amaral | 0 - 1 | Alexandre Mano |
Na volta para Urgezes, fomos recebidos da melhor forma pelo Machado, que pagou umas sandes de queijo e umas bejecas à equipa vencedora e ainda me cumprimentou efusivamente: "jogaste hoje, Alexandre? Ganhamos 3-1 então, não foi?".
Eu não respondi porque tinha a boca cheia.
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