segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Ecos do 1º Congresso de Xadrez Pedagógico dos Países de Língua Oficial Portuguesa (VIII)

Carlos Pereira dos Santos, professor de Matemática e Mestre Internacional de Xadrez, pegou na ideia da transversalidade que é uma das virtudes do xadrez e mostrou que este pode ser usado como uma ferramenta pedagógica pois desenvolve a imaginação e propicia a criatividade.

                                                Observe-se a posição do seguinte diagrama:

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À primeira vista, parece impossível ou muito difícil para as brancas ganharem este final. O rei negro manter-se-á obstinado em não sair das casas h8 e g8. Mesmo que o rei branco se aproxime do seu peão não parece ser fácil ganhar. Porém, se o jogador for criativo (e isso é uma das possibilidades que o xadrez oferece) pode dar largas a sua imaginação e idealizar, por exemplo, um possível sacrifício de cavalo em f6 ou em h6 para desobstruir o caminho do seu peão e depois tentar alcançar a casa de promoção. A isto chama-se criar uma estratégia, ou seja, um plano de jogo.

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A estratégia está criada. As brancas manobraram o Cavalo  para f8 e depois para d7 preparando o sacrifício com Cf6 mas existe ainda um obstáculo: saber o momento exacto em que se deve fazer o sacrifício do cavalo. Será quando o rei negro estiver em g8? ou quando estiver em h8! Esta simples ‘nuance’ pode fazer abortar ou não o plano criado.


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Necessariamente terá de ser quando o rei negro se encontrar na casa h8! O Rei negro fica imobilizado e o peão negro será forçado a capturar o Cavalo. Não existe outra opção! (Zugzwang)


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O peão branco ficou com o caminho desobstruído rumo à casa de promoção. O rei negro espartilhado no canto do tabuleiro aguarda, agonizado, pela certidão de morte.
Portanto a estratégia é mesmo isto: Saber o que fazer quando não há nada para fazer.
Continuaremos, nos próximos dias, a revelar neste blog mais algumas experiências e reflexões partilhadas neste 1º Congresso de Xadrez Pedagógico.

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