O Xadrez é um jogo de inclusão Um dos relatos mais marcantes deste Congresso foi a história do menino cigano que era excluído pelos outros meninos da escola por questões sociais. Porém o jovem ciganito tinha um enorme talento para o xadrez e acabou por ser aceite pelos outros alunos que lhe reconheciam valor pela sua força de jogo. Houve uma aproximação, primeiro tímida e algo reservada, depois mais aberta e natural . Afinal o talento e a inteligência nada tinham a ver com as condições sociais. Um dos aspectos positivos do xadrez é a sua linguagem universal. É uma modalidade onde não existem segregações devido à raça, ou à diferença de religião, sexo ou condição social. É dos jogos mais antigos da humanidade e é praticado em todo o mundo. Atualmente existem 605 milhões de praticantes! Para além do aspecto competitivo, o xadrez tem um papel de relevo na educação dos nossos jovens como temos vindo a demonstrar mas pode ter também outras funções sociais como sejam as atividades lúdicas junto dos lares de terceira idade e nas prisões ou, inclusivamente, funções terapêuticas. Em Espanha, por exemplo, as entidades oficiais apoiam este tipo de projetos e há casos concretos de reclusos que se reabilitaram para a sociedade. Um jornalista espanhol, provavelmente o maior especialista em temáticas desta modalidade, relatou uma história de um recluso que em Espanha, aos 40 anos de idade, terá sido preso por uso ilegal de drogas. Na prisão começou a preencher parte do seu tempo praticando xadrez cujos movimentos terá aprendido aos 6 anos. Depois dentro da própria prisão ensinou outros reclusos a jogar. Mais tarde e devido ao seu bom comportamento foi autorizado a dar aulas de xadrez e conclui dizendo: - “Ainda que eventualmente o xadrez possa ser considerado viciante será sempre uma droga benigna”. Uma das razões válidas, se não houvesse outras, para se ensinar Xadrez nas prisões é que nos ensina a pensar antes de cometermos os nossos actos.
Poderá até dizer-se que o xadrez também tem um lado terapêutico muito importante. Existem depoimentos de professores de xadrez que têm trabalhado com deficientes de diferentes patologias (Trissomia 21, Asperger, etc.) e verificaram que se produzem alguns efeitos positivos devido à prática do xadrez. Mas há uma conclusão a tirar nestes casos: é preferível dar formação escaquística aos técnicos dessas áreas e serem eles depois a trabalhar diretamente com os seus pacientes. Segundo estudos científicos, o xadrez é o ginásio da mente (retarda o envelhecimento cerebral). Dada a enorme quantidade de dinheiro que os Governos devem investir no cuidado das pessoas da terceira idade (não esquecer que a esperança de vida não para de crescer em quase todo o mudo desenvolvido), esse argumento deveria ser muito útil para promover o xadrez, caso saibamos promove-lo bem. O Xadrez é um desporto apropriado para muitas crianças e adultos com desordens de natureza neurológica. As pesquisas científicas sobre este assunto são escassas mesmo a nível internacional. A experiência demonstra que o xadrez estimula o desenvolvimento social, emocional e cognitivo. Definitivamente chegou-se à conclusão que o xadrez é um desporto apropriado para autistas. As regras do jogo são claras e terão de ser explicadas de forma clara. Por outro lado, não há contacto físico, é divertido e sossegado. Os Autistas são quase sempre perfeccionistas quando jogam xadrez. Começam por aceitar primeiro o seu professor e depois os seus oponentes. | ||
Nos próximos dias, colocaremos uma última ‘postagem’ em jeito de conclusão deste 1º Congresso de Xadrez Pedagógico. |
quarta-feira, 26 de setembro de 2012
Ecos do 1º Congresso de Xadrez Pedagógico dos Países de Língua Oficial Portuguesa (IX)
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1º Congresso de Xadrez Pedagógico
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