domingo, 30 de setembro de 2012

CONCLUSÕES DO 1º CONGRESSO DE XADREZ PEDAGÓGICO DOS PAÍSES DE LÍNGUA OFICIAL PORTUGUESA

 

Participei neste Congresso e não dei por perdido o meu tempo.

Tratou-se de uma iniciativa de grande relevo para a educação dos nossos jovens e de grande importância para a própria modalidade. Felicito os organizadores  e patrocinadores pela realização deste Congresso.

Houve um painel de ilustres convidados, na sua maioria professores universitários, com larga experiência de vida dedicada ao xadrez. Do meu ponto de vista, faltou a presença do prof. José Cavadas, pioneiro no nosso país na ligação do xadrez ao desporto escolar, que teria, certamente, enriquecido o debate pois possui muitas experiências que poderia ter partilhado, mas não foi convidado.  

Os temas abordados foram diversificados e ricos nos conteúdos como certamente se aperceberam pelas  ‘postagens’ que foram colocadas neste Blog.

O auditório tinha as melhores condições para este tipo de iniciativa e à medida que o Congresso foi avançando a assistência tornou-se mais numerosa e participativa.

XADREZ NO ENSINO. SIM OU NÃO?

Não faltou vivo debate e discussão, no bom sentido. Inclusivamente intervieram dois simpáticos e autodenominados ‘advogados do diabo’ que com as suas intervenções questionaram se não era melhor deixar o xadrez em paz. Ou seja, encarar o xadrez como um jogo, lúdico e que dá prazer em vez de o transformar numa disciplina curricular.

Não há nenhuma outra área do mundo onde se desperdice tanta massa cinzenta como no xadrez para no fim ser, apenas e só, mais um jogo.

Afinal, diziam eles, o xadrez também tem um lado sombrio pois é, acima de tudo, uma luta.  Esta tese foi defendida por Emanuel Lasker que foi vice-campeão mundial.

Na história do xadrez, ao mais alto nível, há casos em que podemos considerar ter havido autênticos ‘assassinatos psicológicos’. Kasparov, por exemplo, ‘assassinou’ Salov.

No mundo do xadrez  existem vários aspectos negativos e alguns de profundo fanatismo.

Por exemplo, nalguns países, por questões religiosas, cortam as cruzes dos reis. Ninguém no mundo reagiu a isto nem a própria FIDE que tem um papel de cumplicidade. Só falta mandar pôr uma Burka nas Damas.

Por vezes, o xadrez imita a vida no pior. As culturas seguem caminhos diferentes mas não temos que aceitar as diferenças de cultura quando estas seguem no seu pior caminho. Não se pode ser tolerante perante a intolerância.

Segundo Nietsche: “A  evolução científica matará o religioso e o homem terá de ocupar o lugar de Deus.”

 

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O Xadrez é positivo e tem um papel importante na transversalidade do ensino.

Esta foi a principal conclusão extraída deste 1º congresso de Xadrez Pedagógico realizado no nosso país. 

Na pior das hipóteses, não há dúvidas de que o Xadrez tem um efeito “Aspirina” :

Se não fizer bem mal também não faz.

O Xadrez como jogo/ciência dá um enorme contributo para a formação integral dos nossos jovens pois para além de desenvolver as capacidades cognitivas, desenvolve o pensamento crítico e fornece uma série de valores éticos e de conduta que proporcionam capacidade de pensar e agir de forma autónoma.

Toda a responsabilidade sobre o resultado de uma partida de Xadrez recai nos seus protagonistas, só eles são responsáveis pela forma como decorreu o jogo. Não é possível queixar-se de má sorte, de arbitragens desfavoráveis, de condições atmosféricas adversas nem de outros factores externos que possam desculpar uma derrota. O jogador é o único responsável, embora isto seja duro de admitir também é muito educativo.

Outra das conclusões tiradas é a de que o ensino do xadrez nas escolas deverá começar pela formação dos próprios professores.

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O Mestre Internacional, António Fróis, encerrou este Congresso frisando que no xadrez tudo tem de ser feito seriamente a começar pela estrutura federativa. É importante dar uma ideia de credibilidade em tudo o que se faz. Deve-se falar positivamente sobre o xadrez para dar uma imagem de força. Deve-se procurar promover a imagem do xadrez junto da comunicação social e de um modo especial junto da Televisão.

Sugeriu que no ensino do xadrez se possam misturar outros tipos de jogo. O importante é promover o cálculo e desenvolver o pensamento.

 

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Finalizo este trabalho com uma homenagem ao Prof. José Cavadas pelo que, com a sua devida vénia, passo a citar um dos seus sábios pensamentos:

- “Caros amigos não fabriquem só Campeões porque isso dá-vos prazer e ‘status’. Ajudem os jovens de hoje a serem os homens de amanhã pois o Xadrez é como a Vida. O Xadrez é uma ferramenta pedagógica incrível se for bem utilizado”.


1 comentário:

Joaquim Machado disse...

Não estive presente, por diversos motivos que não importam aqui, mas pelo que li foi um dos maiores eventos dedicados ao xadrez que se realizou em Portugal nos ultimos anos.
Ilustres convidados, podiam ter sido mais segundo o cronista, mas os presentes dignificaram o congresso e tornaram o mesmo muito frutuoso.

Grande congresso... que se não fosse o nosso amigo Eduardo Viana, parece-me a mim que teria "passado ao lado" de tudo e de todos pela escassa informação que tivemos sobre o mesmo.
Parabéns Eduardo Viana, e obrigado... não tendo sido um dos convidados a orar no congresso, terá porventura sido aquele que mais o divulgou!!!

Cumprimentos
Joaquim Machado

ps. pelo que li, julgo haver muita materia saída do congresso que deve ser debatida e discutida por toda a comunidade xadrezista