Campeonato Nacional da 3ª Divisão

2ª ronda - GDR OS Amigos de Urgezes 1 x 3 EB 2/3 João de Meira

Estreamos ontem na 51ª edição do Campeonato nacional da 3ª Divisão, e os nossos adversários vieram da Escola João de Meira, com quem temos protagonizado despiques interessantes. Da última vez levámos nós a melhor, pela margem mínima, num encontro da Taça da AXDB que terminou com muitas unhas roídas e cabelos arrancados. Desta vez foram eles a triunfar, como se conta a seguir.
O primeiro encontro a terminar foi o do tabuleiro 2, e foi o único onde conseguimos pontuar, graças à presença de espírito do Carlos. O Nuno Martinho acabou de jogar 13.Ch4


e o Carlos respondeu com 13…Bxh3!. Segundo o meu software, as brancas ainda não estão muito mal se jogarem 14.Ch5. Parece que a ideia é desviarem o cavalo de f6 da casa g4, e a seguir é possível tomar o bispo. Mas todos sabemos quão difícil é ver lances destes durante um jogo e o Nuno tomou o bispo de imediato. Mas depois de 14. gxh3 Dxh3, as brancas cometem novo erro com 15.Cf3?

e é mate em 4, que vos deixo resolver para se entreterem.
O jogo que terminou a seguir foi no tabuleiro 4, e lembra-nos que deixar peças desprotegidas é sempre um perigo. O Hugo jogou 8…Bd6?,


o que é lógico, porque o bispo em f4 é uma peça muito bem colocada. Mas o David Melo estava atento e jogou 9.a3!, ganhando a peça. O resto do jogo não teve grande história e após pouco mais de uma hora a João de Meira igualava o encontro.
Os outros dois encontros foram muito mais disputados e até dramáticos.
No tabuleiro 1, o Vítor meteu-se em trabalhos logo na abertura e ofereceu dois peões, que o Bruno Martins aceitou… A partir daí os dois passaram a jogar muito bem (embora, como de costume, o nosso capitão estivesse a consumir largas quantidades de tempo), e as brancas conseguiram organizar um ataque, tendo as pretas defendido com precisão. Já em grandes apuros de tempo (para as brancas), apareceu esta posição, em que o Bruno acaba de jogar 45…Dd1+.


O software indica que este lance natural é um erro e que as brancas podem igualar (correcto seria 45…De2). Depois de 46.Rh2, 46…Dd5 manteria o equilíbrio, ao centralizar a dama e garantir a defesa da torre, mas o Bruno jogou 46…De2.


ao que o Vítor respondeu com 47.Rg1, defendendo o peão em f2. Estou convencido que, se o meu amigo tivesse 20 minutos no relógio e não 2, teria visto 47.Dc8!


e a torre em f7 (por incrível que pareça) está perdida! 47…Dxf2 não é grande ideia – 48.Dg4 é mate. Se a torre se move ao longo da linha, 48.f3! força o ganho do jogo porque a dama perde o controlo de g4. O único lance que pode prolongar o jogo é 47…Tf8, e a seguir as pretas podem tomar em f2, mas a torre vai-se. Infelizmente para nós, o Vítor não conseguiu ver o lance e o jogo terminou pouco depois.
E o último jogo a acabar foi o meu. Embora tenha sido o mais longo, tacticamente não houve grandes motivos de interesse. Só vou dar relevo a algumas posições, que nos fazem ver como as ideias fixas valem muito pouco no xadrez e que cada posição deve ser avaliada por si própria.


O último lance foi 17.Bb2 e parecia-me boa a posição das brancas. A peça mais perigosa das pretas é o bispo de g7, mas para já está tapado pelo cavalo. No entanto, assim que o cavalo se mova, a troca de bispos parece favorecer o meu plano de jogo, porque enfraquece o rei adversário. E pensava eu que as pretas não devem jogar e5, porque o buraco em d5 pode ser aproveitado por um dos cavalos brancos. Mas o Ricardo não teve problemas em jogar 17…e5!, mostrando que viu melhor a posição do que eu. Ainda convencido que este lance não poderia ser bom, esforcei-me por colocar um cavalo em d5, e atingi o meu objectivo.



Mas o que é que está a fazer o cavalo em d5? Nada… Ainda para mais, pouco depois do final do jogo do Hugo, o Vítor fez-me sinal de que lhe estava a correr mal e que eu tinha de ganhar. Nesta posição gastei imenso tempo a tentar magicar alguma tentativa de criar desigualdades, fiz alguns lances fracos, fiquei em apuros de tempo e o Ricardo, a jogar muito certinho e concentrado, não teve dificuldades em chegar a um final de damas com uma pequena vantagem para as pretas. Nesta altura já o Vítor tinha perdido, e numa última tentativa de surpreender (já que um empate já não nos servia de nada), cometi um erro aproveitado pelo Ricardo para me deixar sem hipóteses de reacção.
Resumindo, os resultados foram

GDR Os Amigos de Urgezes 1 x 3 EB 2/3 João de Meira
Tabuleiro 1 - Vítor Costa 0 x 1 Bruno Martins
Tabuleiro 2 - Carlos Machado 1 x 0 Nuno Martinho
Tabuleiro 3 - Alexandre Mano 0 x 1 Ricardo Ribeiro
Tabuleiro 4 - Hugo Silva 0 x 1 David Melo

Vitória justa da equipa da João de Meira, que ontem esteve mais forte. Para a próxima prometemos mais luta.

A foto do Encontro: